segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Notas sobre improvisação

Nos últimos 10 anos venho desenvolvendo em sala de aula o trabalho de improvisação. Durante este processo, me dei conta da importância de desmistificar esta prática, que tende a causar nos alunos, pelo menos a principio, um bocado de ansiedade. Um bom improviso bem pode parecer ser um ato de puro talento, de gênio mesmo, mas será que é mesmo? Não será algo que se pode aprender, uma vez que se conheça bem as habilidades que precisam ser trabalhadas para tanto?

Estas reflexões me levaram a pesquisar uma série de dinâmicas e exercícios visando o desenvolvimento de diversos aspectos do improviso em sapateado americano, tais como a compreensão de ritmo e estrutura musicais, o uso da expressividade do corpo inteiro e, principalmente, a capacidade de compreender a lógica dos passos – transferência de peso, encadeamento, etc – para poder assim recriá-los em muitas situações diferentes, tornando o vocabulário do improviso mais rico e pessoal.

Para mim, a parte mais interessante desse processo é constatar como as preferências dos sapateadores tendem a moldar seu estilo. O grande barato do trabalho com improvisação é, para mim, justamente este: ver o aluno extrapolar as possibilidades que eu lhe apresento para criar algo que seja realmente dele. Isto porque entendo o improviso, mais do que como uma simples coleção de passos, como a expressão mais pessoal de um sapateador, o momento em que ele se revela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário