Buenas galera!!!
Resolvi abrir os trabalhos do blog em 2014 dando um upgrade no layout do blog, que já não me satisfazia há horas... acho que a aparência não estava condizendo com o conceito, nem com o conteúdo. Estava fazendo falta uma imagem que "desse o recado"!
Resolvi então usar, como plano de fundo, esta imagem que, em minha opinião, diz tudo: o sapateador, "amarrado" em pautas, notas, instrumentos musicais, um verdadeiro títere da música.
Só que... essa imagem tem história.
Trata-se da arte da divulgação do espetáculo DOSPÉSACABEÇA, uma das coisas mais bacanas que já fiz como sapateador. O espetáculo entrou em cartaz no ano de 2009, e tinha por ideia fazer música com pés e instrumentos, pra dizer de forma direta e simples. Era um timasso de músicos e sapateadores, e um baita espetáculo.
A designer que bolou essa arte linda é a talentosa e renomada Raquel Castedo. Agradeço a ela a gentileza de permitir que eu retomasse essa imagem que tão perfeitamente expressa um monte de coisas nas quais eu acredito, e sobre as quais tento escrever nesse blog. Raquel, muito obrigado!
Enfim... espero que gostem!
Fui!
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
domingo, 5 de janeiro de 2014
Tap com Heloísa Bertolli em Janeiro
Então galera... não vai faltar aula de tap nesse janeiro! Já tinha divulgado por aqui os cursos do Laboratório da Dança e do Claque (confira posts anteriores), e agora arremato com o curso da Helô, no Centro de Artes Integradas Naira Nawroski.
Bora parar de deixar pro ano que vem?
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Sobre Improviso, Medo e Liberdade
Como sapateador, sempre gostei de improvisar. Sempre me pareceu
um momento de profundo contato comigo mesmo, uma oportunidade de expressar, de
forma muito vital e direta... o que quer que eu precisasse expressar! Encantou-me
também, desde cedo, a sensação de estar jogando, o imprevisto característico da
improvisação, que dá a cada novo “lance” o seu frescor, seu caráter, que é
sempre, e a cada vez, criador e renovador.
Com tudo isso, estou dizendo que, para mim, a experiência
de sapatear improvisando constitui uma vivência única, válida per se, por tudo o que me proporciona em
termos de sensações, sentimentos, pela energia que movimenta em mim (cada um
entenda como quiser o que significa a palavra energia!). Repare que não estou
afirmando que a improvisação é, necessariamente, e em todos os casos, algo que
vá agradar ao público, ou mesmo que deva
ser submetido a um público. Sabemos que muitos dos grandes mestres fazem do
improviso seu meio de performance por excelência mas, nesses casos, existe um
longo processo de depuração da linguagem, bem como o desenvolvimento de
técnicas que tornam o improviso “legível” para o público. No entanto, gostaria
de falar um pouco neste texto sobre o caráter vivencial da improvisação, naquilo que ela pode trazer de bom para
a alma, em um momento anterior a este tratamento que visa o palco.
Como professor, intuitivamente inclinei-me a priorizar
exercícios que provocassem a construção dos conhecimentos relacionados à
improvisação de uma forma que fosse viva, expressiva e visceral para o aluno,
sem uma preocupação imediata de dar acabamento estético ao que é realizado
nesses exercícios. Isso porque, para mim (muitos negritos e sublinhados nesse
“para mim”) a grande prioridade é que o aluno acesse seu próprio corpo e
subjetividade para que possa expressar algo vivo.
Uma poda prematura (Erraste o acento! Este braço está feio! Isto está muito
simples... cadê os pullbacks?) tenderá a afastar o aluno de fazer suas próprias
descobertas e correr o mais rápido possível em direção à imitação do molde – no
caso eu, ou outro professor que considere como um modelo. Neste processo,
perde-se o conteúdo interior do movimento, sua energia. Desejo fazer o certo, não o que sinto necessidade de fazer. Perde-se também com isso, na minha
opinião, a própria razão de ser de improvisar.
Pois bueno... a considerar os 15 anos em que sou professor
de sapateado, é de se admirar com que lentidão comecei a me dar conta de que
esta distinção entre o “lado de dentro” (vivência) e o “lado de fora” (forma)
da improvisação não é clara para quase ninguém. Mais ainda: a própria idéia de
que se possa fazer qualquer movimento de dança fora de uma intenção prévia de
“performar”, meramente pela necessidade e desejo de fazê-lo, parece inocente e
tola para metade das pessoas com quem convivi, e um desnecessário risco de
expor-se ao ridículo para a outra metade.
Sem dúvida nenhuma os anos de sala de aula me mostraram
que, da maioria das pessoas que convidei a experimentar o caminho da
improvisação, obtive uma das duas reações:
1 - Uma timidez
beirando o pânico, cheia de desculpas do tipo “não sei”, “não tenho
criatividade”, “sou descordenado”, “não gosto”, etc etc etc (perfeitamente
compreensível: criar é permitir-se ser, na
frente do outro e, muito pior, na frente de si
mesmo. Superar o medo dos julgamentos dá
pânico. Quem não sabe disso?).
2 – Um desejo
exagerado de auto-superação, um desejo enorme de fazer “muito bem”, segundo
qualquer parâmetro externo tomado como válido, seja a velocidade, a dificuldade
de execução, ou qualquer outro... o resultado, nesses casos, é muito esforço e pouca satisfação, já que o
improvisador fez tudo para os outros e nada para si. No afã de desempenhar,
perdeu o contato consigo mesmo.
Nos dois casos, o medo do julgamento exterior, ou mesmo o
medo da possibilidade de que exista vida fora
desse julgamento, gerou uma ansiedade tão grande que imobilizou a uns e
robotizou a outros. Não causa admiração que seja assim, se pararmos para
pensar. Toda a “metafísica” (tomei aqui liberdades com esta palavra) da vigente
forma de pensar rege-se pelo pressuposto de que existimos apenas por fora, apenas nos
olhos dos outros. Cada gesto ou escolha deve pautar-se pela necessidade de
parecermos brilhantes, bem-sucedidos, bacanas, cool. Cada movimento precisa ser postado e curtido nas redes
sociais – o Grande Olhar do Outro. A vivência interior profunda e sensível está
grandemente empobrecida em função dos valores da cultura atual. Sensibilizar-se
e recuar da maré gritalhona do mundo é fragilizar-se e correr o risco de
desaparecer, ou mesmo de – horror! – ser desaprovado
por outra pessoa. Se vivemos a partir do olho do outro, ser ignorado não é o
mesmo que morrer?
Isto tudo aparece na sala de aula na forma de uma profunda
negação à entrega pessoal, e mesmo de uma sincera convicção de que o único e
derradeiro objetivo de qualquer expressão artística é, sim, impressionar o
outro. Levei muitos anos para me dar conta (que inocência a minha!) de que este
discurso é muito mais forte do que as minhas pretensões epistemológicas (pra
usar uma palavra bonita). Mas isso não me desanima. Pelo contrário. Me equipa
para entrar na sala de aula e propor com clareza, para que o aluno faça suas
próprias escolhas. Se isso reduzir meu número de alunos... bueno, sempre foram
tão poucos né, quem não sabe disso?
Então você partilhará um tablado comigo e, entre um
exercício coreografado e um alongamento, eu te farei a chocante proposta: e aí?
Que te parece a idéia de partir em aventura maluca, na qual você precisará
buscar, dentro de você mesmo, uma forma de sapatear que tenha a cara da sua alma? Que te parece a idéia de
compreender com tal profundidade as amarrar e engrenagens que movem teu corpo
dançante que ele se tornará um canal direto, uma ponte entre você e sua
essência, com total autonomia crítica em relação às idéias de seu professor?
Não te prometo um Prêmio Açorianos de melhor bailarino...
mas te garanto que, sempre que dançares, com ou sem público, teu interior vai
ter oportunidade de se manifestar plenamente... para mim, esta é a definição de
liberdade.
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